domingo, 2 de janeiro de 2011

MEIAS-VERDADES, MEIAS-VERDADES


Ouvi ontem, primeiro de janeiro de 2011, o discurso de posse da presidente do Brasil, senhora Dilma Vana Rousseff. Mão estendidas – sentido figurado – solicitando a união de todos pelo bem do país. Também deixou claro sua escolha: proteger os mais fracos.

Em síntese, resumida nesta frase:

- “...trabalharei, que estejamos todos unidos pelas mudanças necessárias na educação, na saúde, na segurança e sobretudo, na luta para acabar com a pobreza, com a miséria...”

Já li em algum lugar que a nossa presidente devorava Lênin, um grande pensador e escritor. Líder da revolução russa. É dele, clássico da literatura política, o livro O Estado e a Revolução. Lênin dizia, que o trabalhador, o operário, tem que desenvolver sua inteligência e gostar de política. Ele via nos sindicatos, a organização proletária, um dos mecanismos para combater, minimizar a desigualdade social, porém, antes de tudo, uma escola de guerra, onde se forja o homem pela sua emancipação social e econômica.

Passei grande parte de minha vida como operário e sindicalista. Na década de noventa, vi-me numa seis horas da manhã de minha Fortaleza ensolarada do meu Ceará agreste, à frente de uma editora, uma empresa gráfica. À época, a maior em infra-estrutura e pessoal da região Nordeste. Eu e meus companheiros denunciávamos o trabalho de menores – ganhavam menos que um salário-mínimo – e dizíamos nós, que iríamos terminar com aquela exploração infantil. O empresário assistia a tudo da porta da editora. Quando me aproximei (eu trabalhava na empresa), o patrão obstou-me com a seguinte frase:

- Não prometa o que você não pode cumprir.

No discurso da nossa presidente ela promete lutar para acabar com a pobreza em nosso país. Louvável. A política é uma ciência onde você pode faltar com a verdade dizendo meias-verdades.

Acabar com a miséria, erradicar a pobreza, (igualdade social) agride, fere de morte os fundamentos do sistema vigente, do capitalismo. Não haverá unidade para isso. O capitalismo se nutre da desigualdade social. É uma questão de sobrevivência, da sua sobrevivência. O povo deve ser mantido em dependência social e econômica e se for necessário, em extrema dependência. A presidente Dilma Vana Rousseff foi eleita para administrar o capital e como tal, tem que preservar os fundamentos do sistema, daí..., o discurso floreado de meias verdades, meias-verdades...

Terminando o relato daquele singular fato histórico sobre os menores daquela editora. Naquele mesmo ano conseguimos fazer o patrão trocar os grilhões de pedra por grilhões de ferro (Karl Marx) daquelas crianças. Passaram a ganhar um salário-mínimo. Nada que incomodasse a ideologia dominante. A servidão moderna mantinha-se intacta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário